segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Maquinomem




O homem esposou a máquina
e gerou um híbrido estranho:
um cronômetro no peito
e um dínamo no crânio.

As hemácias de seu sangue
são redondos algarismos.

Crescem cactos estatíticos
em seus abstratos jardins.

Exato planejamento,
a vida do maquinomem.

Trepidam as engrenagens
no esforço das realizações.

Em seu íntimo ignorado,
há uma estranha prisioneira,
cujos gritos estremecem
a metálica estrutura;
há reflexos flamejantes
de uma luz imponderável
que perturbam a frieza
do blindado maquinomem.

Helena Kolody.
Viagem no Espelho, p.136.      

Nenhum comentário:

Postar um comentário